Contam os antigos que a Lagoa de Paranaguá no Piauí ela era pequena, quase uma fonte, e cresceu por encanto. Segundo a lenda, uma viúva com suas três filhas moravam perto da fonte. Um dia, a filha mais moça engravidou, ficando a viúva triste e pensativa, pois a filha estava esperando uma criança do namorado que morrera sem ter tempo de casar com ela.
Com vergonha, a viúva levou a filha no bosque fechado e ali fez o parto, deitou o bebê num tacho de cobre e o afundou dentro da pequena fonte de água.
Assim que a viúva se foi, o tacho subiu trazido por uma Mãe-d’Água, que com raiva, amaldiçoou a moça que ainda chorava na beira da fonte a continuar seu choro eternamente. Com isso, as águas foram subindo e correndo, numa enchente sem fim, dia e noite, alagando tudo, se transformando na Lagoa de Paranaguá.
Durante algum tempo, ninguém podia morar na beira da lagoa, porque pois toda a noite subia do fundo d’Água um choro de criança. Depois de anos que o choro parou, começou a vagar seguidamente no leito da lagoa um homem de longa barba ruiva a vigiar as lavadeiras. Diz a lenda que a criança virou o rapaz encantado, que coberto de limo, vive no fundo da lagoa de Paranaguá, ao sul do Piauí. Muita gente o viu e o tem visto, porém ele foge dos homens e procura as mulheres que vão bater roupa. Agarra-as só para abraçar e beijar, depois corre e pula na água desaparecendo tão rápido como apareceu. Nenhuma mulher bate roupa ou toma banho sozinha com medo do barba ruiva. Se um Homem o encontra, fica imediatamente desorientado e desmaia. Mas o Barba Ruiva é inofensivo, pois não consta até hoje que fizesse mal a alguém.
Segundo a lenda do Barba Ruiva, se uma mulher atirar água benta na cabeça dele ou colocar em seu pescoço um rosário sacramentado, ele será desencantado. Como ainda não nasceu essa mulher valente para desencantar o Barba Ruiva, ele ainda busca moças nas águas da lagoa para abraçar e beijar.